11 de set. de 2011

FALÁCIAS, FALÁCIAS, FALÁCIAS

11 de set. de 2011

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Jamais estou onde procuro
E sim na forma abstrata
Que é este porto inseguro
Da tibiez que me retrata.
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Pois vejo em mim um esqueleto
Que nada sabe mas possui
Em seu perfil obsoleto
Todas as coisas que não fui.
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Assim declaro e nestes termos
Pela razão que ainda existe
Em detrimento aos dias ermos
Um homem tolo que resiste.
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FTO

A TRANSIGÊNCIA DO VAZIO


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...e na palidez do meu retrato
Percebo algo e sempre noto,
A semelhança de algum fato
Que registrei junto com a foto.
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É algo estranho, faz-me falta,
E não é falta simplesmente,
Mas qualquer coisa que ressalta
Do que a foto pôs na gente.
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Pro beco escuro, a noite é luz,
E quem enxerga não vê nada;
Vê pensamentos que eu não pus
De quando a foto foi tirada
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FTO

BARRAGEM


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Na aurora densa e fria
O lago inerte e denso
Carrega, exprime ou copia
O nada vago que penso.
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Pois minha mente é um lago
Um lago razo e confuso
Que nada exprime, é o vago
Do lamaçal que eu cruzo.
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Na aurora fria a fronde
De um nevoeiro espesso
Ao lago inteiro esconde
E eu do sei me esqueço.
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FTO

10 de set. de 2011

DANÇA DO VENTRE

10 de set. de 2011
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As mãos se perdem na curva
Da silhueta inconstante
Que a luz opaca e turva
De um nada faz resultante.
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E o corpo arqueado e leve
Balbucia quieto, traduz
Insinua, mostra e descreve
O quanto dele é a luz.
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E assim é que ela alcança
O algo além de esposa
Pois não é corpo, nem dança
E sequer é nada ou coisa.
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FTO

REFÚGIO

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Vou refazer-me de um ponto
De uma virgula adjacebte
Que é a tese em confronto
De eu em mim sentir-me gente.
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Vou seguir meu cadafalso
Que se estreita no caminho
E se perde no encalço
De eu em mim estar sozinho
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Vou seguir... não vou seguir
Já não sei ou quero crer
Que eu em mim só posso ir
Quando enfim eu me perder.
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FTO