21 de mar. de 2011

DESDE QOSQO HASTA HUARAZ

21 de mar. de 2011
I
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...e refiz as malas novamente
Vou-me daqui não sei pra onde
Todo lugar é indiferente
E nada enfim me corresponde.
.
Parto daqui, não há saudade;
Chuva que cai em solo firme...
Levo de mim só a metade
Não sei se a outra vai seguir-me.

E já pressinto antes de ir
Em meu destino mundo afora,
Todo ficar é já partir...
Rumos traçados; vou embora.
.
II
.
Papeis rasgados pelo chão
Meu cobertor aveludado
A mão que treme, um violão
Nalgum lugar dependurado.
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Frases perdidas num bilhete
Coisas escritas sem saber
Que serviriam de lembrete
Só pra um dia eu me esquecer.
.
O tempo ás vezes me engole
Me regurgita, me contrai
Todo passado é denso e mole
Nevoa cinzenta quando cai.
.
III
.
E eu contraceno inutilmente
Com a partida que farei
Pela vitrine transparente
Dos objetos que comprei.
.
Pois fatalmente eu me sinto
Como alguém que se vendeu
Pelo amargor suave e tinto
De alguma coisa que bebeu.
.
Então irei sem minhas malas
Porque não sei a que levar
Não sei que coisas vou guardá-las
Apenas sei: não vou voltar.
.
FTO

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